É com um imenso prazer que venho comemorar com os leitores desse tosco blog, com o atraso de um dia (pois se o blog é tosco, tem que ter atraso mesmo) o post oficial do dia mundial do Róquenrôu.
Claro, mas não se trata daquele rock que venceu o Apolo, o Doutrinador, e sim do estilo musical que envolve gerações e mais gerações e que abrande os mais variados estilos. Fato é que tudo começa com uma guitarra, baixo e bateria. Posteriores viadagens como teclado e percussão, só pra encher uma linguicinha.
O rock em si é algo que mantém dentro dele uma certa rebeldia. É tão normal no rock isso, que chega a ser irônico: certas bandas mantém a pose de certinhas para ser rebelde, em meio à rebeldia, compreende? Rebelar contra a rebeldia, é foda. É foda. Irônico, no mínimo.
O rock é o estilo musical que aceita de bom grado qualquer assunto na letra, de sexo vulgar (Raimundos, primeiro álbum) à temas políticos (Bad Religion e Rage Against The Machine), passando por religião (As I Gay Dying), amor meloso (The Police), ironia (Ramones), loucura e falta de bom senso (Green Day - Dookie), temas políticos novamente (Green Day - American Idiot) e até mesmo legalização da maconha (Planet Hemp). Tem até rock pra menino de 10 anos, tipo Strokes, ou aquela banda de comedinha lá, The Kooks. Indie Rock é pra comedinhas, tenho dito. Banda que o cara canta com preguiça tem que mais é que se fudê mermo.
É tenso, é muita coisa pra ouvir, muito fã zé buceta pra encher o raio do saco (mimimi, Metallica se vendeu...) e muitas indicações. Prêmios musicais são dados aos artistas também (Nx Zero, melhor banda? Claro, nada manipulado.) e por aí vai.
Trago aqui algumas receitas pra se fazer um show de rock memorável, e acredite, funciona. Basta seguir à risca todas as indicações aí e você será astro e comedor como aqueles caras fodões que viajam em turnê e respondem às entrevistas diariamente.
Tome nota, it´s a long way to the top (if you wanna rock n roll).
- Monte uma banda.
Pontapé de início. Quer fazer sucesso sem ter banda? Isso non ecsiste, você precisa de um grupo para o instrumental de sua banda, sendo você vocalista ou não. Convide aquele seu vizinho com cara de trouxa pra bateria (já que a única coisa que ele sabe fazer é isso mesmo...). Sim, aquele mesmo, que tem 15 anos, e já tá na fila pra cirurgia de redução de estômago, que se alimenta de bolinho Bauduco o dia inteiro e não faz nada a não ser comer, dormir e cagar. Rotina essa que ele mantém faz 15 anos, desde o dia em que a mãe trouxe esse projeto de gente ao mundo.
Suponhamos que você seja o guitarrista, e que toca violão a 3 meses, já manja mandar algumas musiquinhas do Legião Urbana e inicialmente teve a intenção de garrar umas mocinhas idiotas o bastante pra se impressionar com um ser humano que fica mexendo a mão e apertando seis cordas de aço e fazendo música. Sim, o amor é estranho, mas por incrível que pareça, ainda assim você não pegou ninguém usando esse artifício. Continue na tentativa. Um dia, quem sabe um dia, você consegue.
Para o baixo, serve aquele seu primo magrelo e com a cara cheia de espinhas, que no auge da puberdade, já se sabe como as adquiriu. Mais um fato, o cara não sabe mandar mais de uma nota seguida no baixo e o braço dele dói após ficar 15 minutos tocando, comofas/
É, não tem jeito, é ele mesmo.
Até aqui, usa-se o principal critério para toda e qualquer criação de uma banda de rock realmente boa: os integrantes têm a obrigação de serem feios. Sim, feios. Horrorosos. Toscos e de aparência grotesca, e se duvidas, eis aqui algumas fotos para você crer que uma banda de rock tem que ter caras feios. Ou no mínimo, caras com cara de mau. Esse negócio de beleza não combina com o rock.
Metallica: Slayer:
Legião Urbana:
KISS: (Gene Simmons tá doída nessa. Se ele não fosse podre de rico, eu diria que ele era um cara azarado. Temço.)
Sepultura:
Motorhead:
Pantera:
Iron Maiden:
Ramones: (Os mais feios e os mais brutos.)
RockZero: (Os mais feios alpha plus.)
Precisa de mais? Não, claro. Roqueiro que é roqueiro tem que ser feio, não tem jeito. E não me venha com excessões.
- Escolha uma vocalista.
Agora sim, quer fazer sucesso? Escolha a vocalista ideal, aquela garotinha que todo trouxa quer pegar, que utiliza PhotoScape pra dar desfoques nas suas fotinhas gays, grava videozinhos no Youtube cantando os hitzinhos do momento com violão de nylon, usa óculos wayfarer, achando que está abafando e é branca e magra feito um cadáver. É ela cara, confia em mim.
Logo no primeiro ensaio, deixe claro que ninguém quer comer ela, só fazer um som. Tome atitudes no meio do ensaio que conteste o que você falou no começo. Na 5ª música ensaiada, tire a camisa, afirmando estar com calor. Bela tática. Comece fazendo o riff de Damn It (que é o menos chato de tocar e o mais chato de ouvir) do Blink 182 pra ela ficar doidinha com sua pessoa, ignorando o fato de que você não tem todos os dentes na boca e não fez a barba desde o mês passado. Se ela não pular em seu pescoço te chamando de "meu amor" em questão de 10 segundos, pare a música, chame-a de lésbica e tire ela da banda. É isso mesmo, tire ela da banda, estilo "ou dá ou desce".
- Escolha um vocalista.
Agora que você já teve a comprovação de que é uma merda tocar pra agradar muié, refaça todos os conceitos da banda. Agora, vocês vão tocar música de homem, tocar sem camisa, cuspir catarro no palco e xingar a mãe de todo mundo. E foda-se o resto.
Pra isso, um vocalista aloprado é necessário, aquele cara que não tem medo de bosta nenhuma e que fala mal até do diabo na cara dele, se for preciso. Quem? Não, o Mahcaco não. Logo acharão um, e se adequarão ao estilo.
- Monte um repertório.
Marcaram um show no Cocafé pra um sábado à tarde e aí tá feita a merda. Faltam duas semanas e não há repertório ainda pra ser montado, mas é só questão de fazê-lo. Como babação de ovo, umas 3 músicas do Raimundos, para manter o espírito no ar, e é aquela banda que até o cachorro entra no recinto pra agitar, quando se está tocando. Eu Quero Ver o Oco, Be-a-bá, e Nega Jurema são clássicos do rock nacional que qualquer filho da puta conhece, isso é regra. Tire a música com a banda 55 vezes por dia, pra se certificar de que ninguém vai errar na hora do show. Treinem também pulinhos grotescos de cima do amp e até mesmo o que falar enquanto estiver afinando a guitarra. Feito isso, basta esperar pelo show...
- O show
... que é hoje. Sim, eu sei, amigo, você nem dormiu né? Ficou acordado a noite inteira com medo do mico que vai pagar. Mas e se o pessoal gostar? Sim, é uma hipótese, e lá vai você, com a cara e a coragem pra enfrentar aquela platéia e mostrar seu som. Daí tu sobe no palco, ninguém te ouve, você manda ver e descobre que os filhos da puta gostaram e até um moshzim de leve eles fizeram. E assim, tu continua a banda, grava um CD, assina com a Roadrunner e vai ser feliz com seus milhões. Ou, vira advogado e toca só por prazer.
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Cá pra nós, lembro do meu primeiro show com a RockZero, no Cocafé... era eu no vocal, Kahê e Luiz nas guitarras, Thiago na bateria e o Rízio no baixo. Tocamos o que hoje consideramos baile de rock e heavy metal. Tocamos de tudo, de Rage Against The Machine até Ramones, passando por Dead Fish, e senão me engano, Raimundos. Foi bom, muito bom, ali foi injeção de ânimo mesmo. E eu durmi muito bem no dia anterior, diga-se de passagem.
A todos, um feliz dia mundial do rock.