terça-feira, 2 de junho de 2009

Trampo

Sim, eu sei que já faz séculos que eu não atualizo essa merda, e não pensem que eu não lembro de vocês, caros leitores que muito afeto me dão. Entretanto, fiquem calmos, cá estou eu pra saciar a sede de novos textos para meus milhares de leitores, putada.

Como vocês talvez não saibam, mas eu já devo ter contado pra um ou dois meliantes que tenho no MSN, arrumei um trampo. Se você me segue no Twitter também, já deve estar sabendo. Web2.0 se resume a isso: saber da vida alheia em tempo real sem que seja fofoca, já que quem está contando é a própria pessoa. Não pessoalmente, mas virtualmente. É uma forma de manter o público em constante atualização, mesmo sem ter o que diabos escrever. Sim, funciona.

Meu trampo está se resumindo a uma tarefa bem de boa pra mim, dar aulas de informática. Coisa simples, que eu gosto de fazer e é tranquilo, sem correria nenhuma. Já trabalhei em uma loja aonde meu nome era chamado a cada 5 minutos, e de 3 em 3 vezes, era em sinal de censura. Como eu sou franguinho, não durei 6 meses naquela cabeça de paca. E pensar que tem nêgo lá com 28 anos de casa... tem que amar muito o que faz. Mas muito mesmo. Descobri naquele período de tempo que odeio o comércio. Depois, fui olhar a situação por outro prisma e descobri que não odeio tanto assim: se eu for o cliente, e não o funcionário, eu posso aprender a gostar. Enfim, descobri que pra ser comerciante o cara tem que ter a alma de comerciante. Eu, sorry, não tenho. E cá pra nós, nem quero ter também.

Durante esse período que trabalhei nessa loja, comecei a fazer o trabalho de notas fiscais, e essa putaria toda. Ficava grande parte do tempo sem ter contato com ninguém, sem falar nada ou sequer abrir minha boca. Era eu, minhas notas (minhas uma ova, da loja) e uma caneta. Outra coisa que me serviu para dizer: "CÊ BESTA, sai daí".

Aquilo começou a me corroer uma quantidade... vontade enorme de simplesmente largar aquele trampo, já tava começando a dar pala, colapso mental, sei lá o nome. É como uma droga, você começa a demonstrar sinais de alteração de humor repentina, a ser mais sarcástico e menos gentil sem a menor razão aparente. Nem você mesmo consegue explicar, simplesmente perde o controle...

Sinais de que precisava trocar de emprego, tipo o Cap. Nascimento. Exceto pelo fato de que ele precisava de um substituto pra assumir o posto dele, e eu tava pouco me lixando pra quem ia assumir, SE alguém fosse assumir. Pois bem. Resolvi abandonar a medíocre carreira que eu havia construído ali, que havia custado meu humor e meu gosto pra trabalhar, por um salário desgraçado e num local onde eu considerava metade das pessoas nojentas. comofas//

Mexi meus pauzinhos aqui e acolá, fiz por onde, contatos, pá, liguei, roguei, e consegui um outro emprego. Desta vez, fazendo o que eu gosto de fazer, trabalhando com quem eu gosto de trabalhar, com pessoas que eu gosto de conviver, em locais que eu gosto de estar e com um prazer imenso. Sabem quando você acorda até com vontade de trampar? Pois é, era assim.

Fui lecionar informática para crianças e esse sim era um trampo que eu gostava. Recebia uma cartinha todo santo dia da mesma garotinha que me entregava e me dava um abraço. Ali que eu comecei a pensar em querer ser pai. Desisti quando vi a garota chorar feito uma criança. Talvez por que fosse uma, não sei, não consegui consolar a chorona. Por fim, dei um chocolate e ela comeu. Chorando. Mas comeu.

Havia um berçário naquela escola, e lá aprendi a trocar fralda, dar mamadeira e até a dar banho em bebê. Não vou dizer que é algo que eu possa colocar no meu currículo, mas é algo que é até legal saber. Cús de bebês soltam bosta em intervalos de tempo menores que os de adultos.

Era bom, não vou mentir. Eu era o único professor homem no meio de dezenas de professoras mulheres. Algumas até me cantavam (as menos sóbrias) e o bom humor era uma questão de ordem ali. Serviu pra me dizer que eu gosto mesmo é de ser professor. E de quebra, fiz amizades ali pra vida toda.

Mas como nem tudo dura pra sempre, meu contrato acabou e cá estava eu no olho da rua de novo.

E eis que eu, na hora do almoço certo dia, ouço o telefone tocar. Vou xingando e jurando morte pro filho da puta que ousou me ligar na hora da minha sagrada refeição, interrompendo minhas mastigadas e meu momento de apreciação gastronômica, me obrigando a ir atender à um aparelho que não iria parar de apitar a menos que eu atendesse ou se a pessoa do outro lado da linha desistisse.

Tirei o fone do gancho com violência e gentilmente atendi à chamada:

- ALÔ?
- Alô, eu gostaria de falar com o sr. Caio Andrade?
- SOU EU MESMO. QUE FOI?
- Caio, você deixou um currículo conosco aqui na
[por razões de zebucetagem eu não vou citar o nome do local] e eu gostaria de saber se você ainda tem interesse no emprego.
- Hum
- eu ponho minha mão no queixo, me sento e me acalmo - sim, tenho. Continue...
- Você poderia passar aqui às 13:00 para nós conversarmos?
- Me aguarde aí, estou chegando nesse horário.

Foi o tempo de engolir a broca e rumar para o local. Conversamos e em 30 minutos, eu era o novo professor.

De início eu até fiquei animado, e ainda estou. Sei lá, geralmente o povo acharia isso uma PUTA desvantagem, mas eu moro em Ipatinga e a cidade em que eu leciono é Santana do Paraíso, 20-30 minutos da minha cidade, Ipatinga.

Mas eu até que gosto da viagem de busão, e de acordar um pouquinho mais cedo pra pegar o ôins. Quando eu acordo, tá uma neblina da porra, que não se vê mais merda nenhuma à minha frente. Mas com o tempo, a coisa muda, o sol aparece, o sono some e o busão chega ao destino. Chega a ser uma terapia o momento que eu viajo.

Da janela da minha sala, é até uma roça, ou parece uma. Sei lá, é um terreno grande com muito mato, árvores e uma cerca. Como se chama isso? Hora ou outra, ouço uma vaca mugir aqui perto, eu só espero que ela não invente de entrar na minha sala pela janela. Riscos, sacomé.

Isso tá me parecendo um seriado, que troca de temporada, aí aparece novos personagens, cenários, locais e histórias. Tá, talvez to viajando, mas mesmo assim parece.

Espero manter essa merda atualizada constantemente daqui pra frente. Em breve eu vou rumar pra um endereço .com e mandar pro WordPress tudo isso aqui. Thanks to Godela.

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