segunda-feira, 28 de abril de 2008

Falta de inspiração

Hohoho, perdão caros amigos pela falta de atualizações dessa página de internet.

Tal falta de compromisso de minha parte não é do nada: ando levemente ocupado com diversos fatores de meu cotidiano, e com isso, o blog fica infelizmente, em segundo plano.

Devo considerar que ando perdendo a tal inspiração que muitos escritores necessitam para dar vida às suas obras.

É algo mais ou menos como simplesmente deixar de ter criatividade. Ando vazio ultimamente. E eu já almocei, obrigado.

Era sempre a mesma rotina: imaginava um tema, abria o Bloco de Notas, digitava algumas frases e voilá: tudo simplesmente ia aparecendo na minha mente, e ia digitando linha por linha até ver meu produto final. Nunca foi a coisa mais criativa do mundo, assumo. Mas deixando a modéstia de lado, até que não era dos piores.

Não me orgulho dos textos que eu escrevi até hoje. São simplesmente textos, não existe a menor possibilidade de um texto tosco daquele ser uma obra de arte cujo valor no futuro acarretará cifras de milhões. Mas... bom, se não tem valor monetário, pelo menos de estima pra mim eles valem.

Mas... hoje é diferente. Não sei, talvez stress ou falta de atenção sejam os motivos, mas que seja. Sinceramente, não é a mais correta definição que eu deveria dar.

Acho que é desmotivação mesmo.

Explico:

Agora, no trampo, tenho muitas "janelas". O termo janela foi criado por algum atoa cuja única ocupação era dar nome a esse ato. Se trata de um horário vago em meio ao trabalho. Por exemplo: Se às 08:00 eu atendo a turma A, ela é liberada às 08:50. Das 08:50 às 09:15 é recreio e das 09:15 às 10:05 eu não atendo nenhuma e até às 11:00 eu atendo a turma B. Ou seja, no horário de 09:15 às 10:05 eu tive um horário vago. E isso é uma janela. Entenderam, suas instituições sub-humanas?

Nas janelas, o tédio domina todos os que estão no mesmo emprego que o meu. Nada pra fazer, total coçação de saco.

Mas não pra mim. Donkey Kong e Super Mario World que o digam.

Mas whatever. Hora ou outra, levo um livro pra ler lá. E o meu erro foi esse. Ao levar "Todas as histórias do Analista de Bagé" de Luís Fernando Veríssimo, cometi o pecado de ler algo que me diminuiu por completo durante dias. Não é pra menos: o cara é o melhor na comédia literária aqui no Brasil. E não é aquela comédia que clichê com putaria não. É comédia inteligente, de casos que acontecem e ao ler, você simplesmente fica imaginando a cena, e que comédia que deveria ser.

Ao ler esse livro, me retirei à minha insignificância. Talvez a intenção de Luís Fernando Veríssimo, ao redigir tais contos, fosse rebaixar os leitores de poucas viagens. Com algumas mensagens nas entrelinhas ele dizia: "Ah-ha, seus merdas. Aprendam a escrever, e dêem vida aos seus personagens. Se não conseguem, simplesmente desistam."

E assim se fez. O livro é simplesmente excelente. Explico: o analista de Bagé é um personagem criado por Luís Fernando Veríssimo, psicanalista. Freudiano roxo, ele usa métodos... peculiares nas suas consultas. E o problema é que ele é o tipão da roça: ignorante, fala alto e vive descalço. Uma figura. Pior é quando aparece uns idiotas pra se consultar com ele. Como um que tinha megalomania.

- Pois é, todo mundo fala que eu me acho superior, o melhor, e tal. Mas eu não acredito nesse povo!
- E por que?
- Por que é tudo gente inferior!

Tsc tsc.

Luís Fernando Veríssimo, uma mensagem, se por um acaso, vossa senhoria estiver lendo essa página de internet: ao lançar seus livros e contos, saiba que apesar de excelentes e perfeitos, o senhor rebaixou uma alma que poderia ser um bom escritor ao crescer. O senhor acaba com a auto-estima de jovens escritores, usando seu talento. Não julgo que é sua culpa. Não. Porém, eu tinha a semi-certeza de que eu tinha um futuro promissor como escritor. Ao ler seus livros, repensei minha opinião e cheguei à conclusão de que o que eu escrevo pode ser impresso e usado como pé de mesa.

Obrigado por assassinar cruelmente um espírito escritor. Agora vou ter que passar o resto dos meus dias dentro de um escritório escrevendo relatórios de Direito, já que Jornalismo eu desisti. Serei um cara ranzinza, me casarei com uma mulher que não amo, terei filhos que só de olhar pra cara deles, sentirei ódio e a simples idéia te tentar escrever um livro e reaflorar minha alma de escritor não valerá de nada, já que os mestres ofuscam a alma de novos escritores.

Não entenda mal ao ler essas palavras. Saiba que sou um grande fã seu. Sua arte de usar as palavras é excelente, e não sei se estou sendo justo. Mesmo por que, a possibilidade de que eu esteja errado é praticamente absoluta. Se fosse assim, eu desistiria de ter banda ao ouvir os Ramones. E ainda bem, cada vez que os ouço, sinto que minha banda é mais um motivo de força pra mim. Então, acho que devo começar a ver sua arte como inspiração. E se um dia for um escritor de sucesso, (o que, adimito, é improvável) prometo escrever nas primeiras páginas uma dedicatória:

"à minha mulher que tanto amo, a meus filhos que me renovaram a razão de viver, à minha família que suportou todos os meus momentos críticos e à Luís Fernando Veríssimo, um orgulho pra literatura nacional."

PS: Não é babação de ovo.

Ou talvez seja mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário