sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Formatura alheia

Sempre tive a plena convicção (e morrerei com ela) de que as pessoas mudam seu comportamento, e pra isso, pode-se usar o ambiente como escape. Explico: num baile de formatura as pessoas perdem a plena noção das coisas ao redor e tudo se torna simplesmente comum dentro do momento e ocasião.

Era por volta das 22:30 quando cheguei ao baile de formatura. Vocês deviam ter me visto de terno. Cara, eu fiquei muito bonito. Fomos adentrando ao recinto eu, Rízio e o Negão, já que o Tosa foi buscar companhia feminina. Notei ao entrar que o salão de festas era muito bonito e muito luxuoso, muito organizado e garçons prontos para serví-lo, mesmo você enfiando na frente das pessoas que ele está servindo para pegar um copinho de cerveja.

Pois bem, sentamos à mesa e não deu 15 minutos, o Mike e o Pumba chegaram, seguido de Cuca. Conversando fiado, falando mal dos outros, eis que abre-se as cortinas do palco e a banda se revela, cantando uma música latina by Ricky Martin com um vocalista de passos dançarinos duvidosos e um refrão contagiante "HARÊ, HARÊ, HARÊ!"

Olhei aquela cena, e no momento, o salão do palco estava totalmente vazio. Todos estavam sentados assistindo àquela cena grotesca. Eis que tive uma idéia para abusar da boa vontade do Rízio, já que ele estava bêbado:

- Ei Rízio. Te pago 10 reais pra ir lá e fazer uma estrelinha na frente do palco.
- Eu não estou tão bêbado assim. Garçom!

E sai andando.

Continuei a andar e descobri que é memorável ver professores que você tinha tanto respeito e admiração, dançando o Créu velocidade 5, como se fosse uma coisa assim... rotineira.

Então começamos a analizar as garotas que conosco estudavam e usavam suas bundas para entretenimento visual de nossa parte.

- Ela dá pra encarar hoje hein?
- Ela eu encaro até depois de acordar.
- Dois.
- Três.
- Nunca tinha reparado nos peitos dela.
- Nem eu. Vai ver é enchimento.
- Pra que um salto daquele tamanho?
- Quero mais cerveja.
- Quero mais cerveja também.
- É. Eu quero mais cerveja.

A organização da festa estava até que competente, entretanto pouco se importou com os comes e bebes. Era aqueles salgadinhos de viado feito barguetes, canapés e outras putarias de sobra, mas coxinha, empada, quibe e esfirrinha que é bom, tinha muito pouco. Passei a noite comendo coisas cujo nome eu desconhecia. Povo inventa cada merda, sem contar que colocam algumas coisa doce no salgadinho (ameixa, uva passa, essas merdas) e fica aquela bosta de gosto salgado com doce. Revolta. Salgadinho bom é aqueles que não passa de 20 conto o cento, procedência duvidosa, carne de segunda, gordura até a tampa, e garçom mal educado.

O jantar foi assaz gostoso com estrogonofe, arroz da vovó e mais uma pá de treta lá. Gostoso, porém desnecessário e exageradamente pouco econômico. Mais eficaz seria se baixasse a churrasqueira com um boi no rolete, feijão tropeiro com ovo, torresmo, vinagrete e arroz de papa. O pessoal fica se preocupando com luxo e glamour, servindo essas brocas de bicha e rango que é bom mesmo, só conversa. Que servissem um frango com quiabo mesmo e angu de ontem.

Outra coisa a se reclamar foi a hora em que a festa terminou. Pouco após às 04:30 os garçons já começaram a virar as cadeiras em cima das mesas discretamente, sem dizer nada, tipo... "Aí, não estamos mandando ninguém embora, só adiantando o serviço". Mas nem precisou também, pois o segurança (que claro, tinha menos que minha altura, mas três vezes minha largura), educadamente fez o favor de dizer que a festa já havia acabado e que não, não iriam servir whisky. Tsc tsc. Mais uma festa sem whisky.

Outro tópico a se levantar foi o número de mulheres feias no evento. Garanto, foram poucas, e as realmente feias, se maquiaram e dixavaram. Colocaram um salto aqui, uma maquiagem ali, levantaram os seios e oh: no grau. A presença de gays foi pequena também, a menos que eles tenham se segurado durante / dentro do local da festa. Em suma, povo muito agradável, e eu ainda conhecia parcialmente o pessoal da festa.

É óbvio que não poderia passar batido depois de tudo. Explico: me formaria agora, mas devido à repetência que eu tomei no meio do ano, infelizmente só formo daqui a 6 meses. Não olhe assim pra mim, tem cara aí dando tristeza muito maior que essa pro pai e pra mãe. E mesmo assim, a expectativa que minha mãe tem em mim é nula. Portanto, só lamento o tempo perdido mesmo. Enfim: no momento do brinde aos formandos, todos os formandos deveriam subir ao palco com uma taça de champanhe e tirar foto posando pra câmera. Muito esperto, foi o que eu fiz. Mesmo não formando esse ano.

Dêem-me um desconto. Passei os últimos três anos da minha vida olhando pra cara dos meus amigos no meio da aula. Eu no mínimo deveria ter feito isso mesmo. Além do que, no momento da foto eu fiquei bem no cantinho, ninguém me notaria.

E até o professor Henderson filou do meu champanhe e aprovou meu ato no momento. Claro, ele só foi saber e se dar conta depois, mas isso é detalhe.

Ah sim, a banda!

A banda que lá tocou foi a mesma que fez a abertura com "harê, harê, harê". Era uma banda de estilo muito bem definido, tocavam música tropical / sertanejo / pop rock / r&b / hip hop / axé / funk / dance. Contavam com uma respeitável banda de um baterista, oito ou nove percusssionista, um saxofonista, tecladista, baixista e tocador de violão, fora o guitarrista que tinha uma Fender. Vocalistas eram 5 ou 6. Era uma daquelas bandas de tocar em baile mesmo. Mas o que de melhor haviam eram as dançarinas. Era o tipo de mulher que você olha, olha de novo, olha de novo e diz: “PUTA QUE PARIU. QUE BUNDA”. E invadi uma vez ou duas o palco para pegar o telefone de uma delas, mas o roadie (que também era segurança da banda) me impediu. Notei que pra trabalhar com festas, o cara tem que ser multitarefa, bom de serviço e paciente. Não sirvo pra ser roadie.

Tocaram umas 4 horas seguidas, sem exagero. Trocavam de roupa com a mesma freqüência com que trocavam de roupa (?).

Ah sim, tocaram Mamonas. Foda. .o/

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