quinta-feira, 31 de julho de 2008

Infância e violência

Claro, você leitor vai achar que a infância deve ser livre de violência, que uma criança não deve ter qualquer contato com a falta de paz, guerra, maldades do mundo, caos e frustração.


E eu bem concordo com você, devo assumir. É de partir o coração ver um moleque marcado com tapas que recebeu do pai. Por mais que o pai tenha que educar o filho, bater é sacanagem. Quer dizer, não sei, nunca fui pai. E espero nunca receber tal notícia também, por que aí ferra tudo.


O que acontece é o seguinte: criança gosta de sangue, filmes de ação, decaptações e assassinatos a lá cold blood. Não são todas, mas boa parte dos pivetes de atualmente curtem essa forma de arte. E não vou negar, fui umas dessas crianças.


Em meus tempos de pimpolho, eu não tinha ídolos idiotas como as outras crianças como o Didi dos Trapalhões (eu gostava era do Zacarias), Pikachu, ou a Priscila da TV Colosso.


E baseado em toda forma de violência que temos hoje no mundo, pelo menos as antigas eram mais dixavadas e discretas. Quero dizer que antigamente deveria ter mais censura, por que os filmes não são lá tão cabulosos.


Posso listar aqui algumas listas dos momentos violentos que com certeza, você ou algum amigo seu presenciou / participou. Quer ver?



- Rambo

Não preciso nem dizer que aqui, dispensa qualquer forma de comentário. Um dos maiores matadores que o cinema já viu, quando ele enrolava a tal faixinha vermelha em volta da testa, os soldados poderiam começar a rezar, o chumbo ia comer à torto e a direito, ia sobrar pitoco de bala até pra quem não tem nada a ver com a história.


Eu era fã mesmo era do Rambo! Filmes dele eram fodões, ele matava pra ver cair. As frases mais lendárias se atribuíam a ele!

- Quantos homens mandou para pegar John Rambo?

- Duzentos!

- Pois mande duzentos sacos para os cadáveres!


- QUEM ELE PENSA QUE É? DEUS?

- NÃO. DEUS PERDOA, RAMBO NÃO!


Claro que nem citei ainda o fato de que ele era o mestre das tosqueiras. Só ele mesmo pra fugir de um exército montado numa motoquinha fudida de 50cc igual aquela...


Mas tudo bem, cinema antigo é cinema antigo.


Rambo foi o tipo de filme que mostrou quão impiedoso um psicopata pode ser. Não que Rambo fosse um psicopata, pelo contrário, ele sempre teve a mente sã. Psicopata eram os loucos que ousavam olhar torto pra ele.


E dane-se seu lugar na hierarquia. De faxineiro à general, passando por sargento, soldadinho, coronel, cozinheiro, vagabundo, escrivão, aspira, não interessa. Ele não teria piedade de sua alma.


Rambo seria a solução da guerra no mundo. Juntem ele, Jack Bauer, Chuck Norris, John McClane e o MacGyver (sabe como é, fazer bomba de chicletes e clips de papel, tem que ser o mestre mesmo...), e quero ver que terroristazinho de merda ousaria tocar o terror com um carro bomba, ou com uma dinamite no peito.


E não enumerei aqui na lista ainda as frases, que coloquei logo ali em cima.


- Sunset Riders – SNES

Ah, qualé, vai dizer pra mim que nunca nem jogou Sunset Riders? Puta-que-o-pariu, manucú. Jogo fodão demais, um dos melhores da era 16 bits (bons tempos...). É um dos jogos que fazem você afirmar por 5 minutos “NEXT GEN É O CARALHO”, mesmo você engolindo tais palavras depois de não poder simplesmente jogar GTA 4 no XBOX 360 ou PS3 que está doido pra comprar, mas não entra renda extra pra isso nem tios no exterior.


O jogo é o seguinte: são várias fases que você tem que ir passando e matando capangas uma a uma, até chegar no chefe. Mate o chefe, ganha a recompensa e vai pra próxima. Sim, eu sei, o jogo é repetitivo, mas muito divertido. Ainda mais se for jogado com 2 jogadores, aí tá feito.


São ao todo quatro personagens que demonstram ter uma masculinidade muito duvidosa, mas como o jogo em si é bala atrás de chumbo, seguido atrás de fogo cruzado, essa bichice fica em segundo plano.


O jogo em si é a violência pura, porém sem sangue, sem cenas de tortura e balas que parecem bolas de paintball. Ou seja, tudo muito discreto pra não ter censura na época de ouro dos joguinhos da Nintendo.


Assumo que até hoje eu sou muito fã do jogo, embora que zere ele numa taxa de não mais que uma vez por mês, por que quem se importa com outro jogo da Nintendo quando se tem The Legend Of Zelda: Ocarina Of Time às mãos?


- Filmes do Jackie Chan



Tá, talvez eu esteja exagerando e forçando a barra quando eu digo que os filmes do Jackie Chan são violentos – pra falar a verdade NÃO SÃO MESMO.


Mas citei como exemplo o japinha com cara de tiozão gente boa pelo fato de que eu vi muito Police Story na minha infância. Ele tem as manhas de mesclar humor com pancadaria leve e bem trabalhada. Por mais medíocres que certos filmes deles sejam (O Medalhão é meu saco. Filme escroto!), os que são realmente bons compensam e muito.


E ele ainda tem um fator em potencial que o torna um puta ator: toda série de filme que ele faz em companhia de outro ator é foda! Vide “A Hora do Rush”, vide “Bater ou correr”, e “Bater ou correr em Londres”, sem contar nas pontinhas que ele faz em filmes de outros.


Definitivamente, os filmes do Jackie Chan são o melhor exemplo da mistura comédia e ação. Sem censura.


- Brincadeiras de caráter violento / unicamente para provocar dor alheia

Explico melhor: já brincou de “Na Bahia ninguém fica em pé”?


A brincadeira se resume no seguinte prisma: um bando de manés de faixa etária de 7 – 12 anos (se algum moleque que passar dessa idade brincar disso, merece a mais profunda exclusão de seu círculo social!) se reúnem em um local com espaço. Todos ficam no chão e rodando as pernas, atentos à cantoria da seguinte melodia:


Na Bahia ninguém fica em pé /

Na Bahia ninguém fica em pé

Hey!


A cereja no topo da brincadeira é a seguinte: ninguém pode se levantar. Aquele que levantar, imediatamente leva a mais profunda chuvarada de rasteiras, chutes, bicudas, pontapés e bordunas que alguém pode levar naquelas condições de espaço físico. É simples a regra: levantou, levou”. Sair sangue, marcas roxas, lágrimas e gritos de dor não eram motivos pra parar. Pra ser franco, o pessoal queria era ouvir isso mesmo. Enquanto o condenado e infeliz não sentasse no chão, ninguém parava. Podia chorar, mijar, cagar, gritar, ninguém parava. O curioso é que o condenado fazia de tudo, EXCETO voltar a sentar no chão.


Outro excelente exemplo das brincadeiras voltadas à violência são as famosas contratações. Não conhece?


Se trata do seguinte: você chega na escola e avista um amigo seu. Daí ele te mostra o dedinho e diz:


“Vamos contratar matemática?”

Ao concordar com os termos você estava disposto a levar todo o tipo de pescotapa, murro na cabeça e chute no estômago caso ousasse dizer algum número (qualquer um, não interessa) sem dizer logo após “MATEMÁTICA”.


Sim, eu sei, brincadeiras idiotas. Nenhuma delas tem objetivo, mas ao menos você tem como se defender dos ataques. No açouguinho, os termos eram os seguintes: dez ou mais pivetes em uma quadra de escola, com uma bola apenas. Aquele que estiver em poder dela, leva bicuda. Simples assim. Sem dó, é claro.


Isso é claro, somente um pequeno exemplo de váááários outros que podemos pegar na sociedade que aguçam os instintos matadores de nossos pimpolhos.



Ouvindo Metallica - Master Of Puppets (S & M)

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Acontece...

Após uma certa queda, tudo o que você espera é que a fase ruim passe e que Deus te aponte uma solução.

Infelizmente, nem tudo é dessa forma que acontece, mas uma coisa eu posso dizer: depois da tempestade, vem os bons ventos.

Meus bons ventos ainda não chegaram e não espero que eles venham tão cedo, mas a parte ruim já passou. Agora é esperar que tudo volte, e certas vezes eu enxerguei que pra dar um passo a frente, infelizmente é necessário dar uns passos pra trás.

Mas tudo bem. Pelo menos por enquanto.


Não to afim de ouvir merda nenhuma não.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A (verdadeira) história da cigarra e da formiga

Era uma vez uma cigarra e uma formiga. Ambas moravam embaixo da mesma árvore, eram amigas, se viam todo os dias e uma freqüentava a casa da outra.


Naquele tempo, o verão havia sido muito proveitoso. Além de um sol todos os dias, as noites eram estreladas e ainda melhor, as folhas, frutos, e grãos estavam nascendo muito bonitas e saborosas.


Vendo aquilo, a formiga mais do que depressa, tomou uma providência: iria acumular o maior número de suprimentos, comida, e tudo o mais que precisasse para o inverno. Assim, ela então tinha a garantia de que não teria que enfrentar a fome numa época em que não podia sair de casa, já que a neve tampava tudo.


E assim se fez. A dona formiga levantou cedo naquela manhã e mais do que depressa foi trabalhar. Ao sair, viu que a cigarra estava com um violão na mão, cantarolando e aproveitando o ar do verão.


Resolver perguntar-lhe:


“Que faz aí, dona cigarra?”

“Estou cantando e tocando, para aproveitar a beleza desse dia. E você, por que não se junta a mim?”

“Nem pensar. O inverno em breve chegará e quero garantir meus suprimentos para o inverno.”

“Por que se preocupa com algo que nem chegou? Sente e relaxe!”


A formiga não lhe deu ouvidos e foi pegar comida. Demorou o dia todo, mas conseguiu voltar pra casa com as costas lotada de tudo o que precisava para o inverno. Porém, aquilo ainda era pouco, então decidiu que iria pegar todos os dias.


Ao voltar pra casa, a cigarra se encontrava na exata posição que a formiga a encontrara. A formiga lamentou, mas continuou com seu ritmo de trabalho.


Todos os dias de manhã, ao sair, a cigarra estava tocando e cantando. Ao voltar, logo à noite, a cigarra estava fazendo a mesma coisa, tocando e cantando.


E assim se foi. Durante todo o verão, a formiga trabalhou, e a cigarra cantou e tocou. A formiga apesar de cansada, se sentia vitoriosa, pois sabia que não passaria fome nesse inverno, e pra completas, se a cigarra lhe batesse à porta pedindo ajuda, ela recusaria. Oras, tinha todo o verão, por que diabos ela ajudaria alguém que vive vagabundando?


E assim o inverno chegou. A cigarra não mais se encontrava no local de sempre e a neve cobriu tudo. A formiga permaneceu dentro de casa, e passou o inverno todo comendo do bom e do melhor, fruto do seu trabalho duro e pesado! Nada mais justo. E não parava de pensar na cigarra recebendo a devida punição passando frio e fome embaixo de alguma ponte ou banco de praça. E não conseguia sentir compaixão pela pobre coitada, afinal, ela estava colhendo o que plantara.


Resultado: a formiga foi feliz, pois trabalhou duro e teve como comer durante o inverno.


E a cigarra?























:-)


Assinou contrato com uma gravadora e faz shows pelo mundo aí. Daqui uns dias lança o primeiro CD, mas é difícil lidar com a fama. São tantas entrevistas, shows, tarde de autógrafos. Será que ela consegue?


Ouvindo Metallica - The Unforgiven I e II

Aquecimento Global e seus benefícios

Com toda essa merda de aquecimento global ocorrendo por aí, tem nego que não tem idéia do que seja e tem cara pronto pra assinar o testamento, sabendo que vai morrer.


Fato é o seguinte, o aquecimento global (pra você que não sabe), é quando o sol bate na Terra de maneira tão forte que as camadas de gelo do Pólo Sul e Norte derretem. Se você não sabe, o gelo quando derrete vira água. Água em cima de mais água?


Muita água. Com isso, o planeta vai “transbordar” e as cidades submergirem. Esse é só um dos fatores preocupantes. Algumas áreas do planeta vão ficar tão quentes e secas que as vacas começarão a dar leite em pó. E outras, a força de tempestades e furacões tendem a aumentar, criando assim, uns dilúvios dignos de Noé e casas voando dentro de furacões.


Ou seja, vai ser osso viver aqui na Terra.


Quer dizer que o Aquecimento Global é por total ruim? Sim. Mas tem cara aí que malou com ele, e veja bem como. É cada história que eu fico de cara como esses filhos da puta acham luzes em fins de túneis.


Por exemplo, o Pat Broe, um empresário americano. Veja bem o que esse indivíduo arrumou: comprou um território do governo canadense por US$7,00. Sim, você não leu errado, 7 dólares. Mas por que esse lote tava tão barato? Simples: a área que ele comprou não tinha nada mais, nada além do que simplesmente GELO. Deixa eu explicar melhor, ele comprou um território a 950km do círculo polar Ártico, localizado na baía de Hudson por 7 dólares, e essa área só tinha gelo. Não tinha terra, mato, animais, NADA. Só gelo e água por baixo. Isso aconteceu em 1997.


Burro ele né?


Engano seu. Acontece que de 1997 pra cá, aquele gelo derreteu com os efeitos do aquecimento global e virou água. Hoje ele é dono de um local propício pra navegação e uma ótima rota Canadá – Europa. Como ele é dono daquela área, qualquer navio que passar ali tem que pagar o imposto que ele determinar. Sem contar que dentro de alguns anos, aquela área se tornará explorável e tudo que estiver dentro dela é dele. Isso inclui possíveis fossos de petróleo, minério, etc., tudo. Isso pode lhe render uns US$100 milhões por ano.


Se esse cara pensou nesse plano ao comprar aquele lote, ele merece um prêmio.


Segundo uma revista Super-Interessante que eu li um dia desses, o aquecimento global, apesar de destruir o planeta Terra, traz consigo alguns benefícios para a economia e modo de vida de muita gente.


Por exemplo, infra-estrutura: como as tempestades, desastres ecológicos em geral, furacões e tudo mais, vai ser necessário investimento na infra-estrutura de muitas coisas como barragens, diques, portos de navegação mais modernos e bem equipados, navios mais seguros, enfim. Quando o furacão Katrina atingiu Nova-Orleans, cerca de US$250 milhões foram investidos para recuperação da cidade. Detalhe, isso são dados de Dezembro/07. E com o aquecimento global, mais áreas podem ser afetadas com a mesma violência.


Frio de minha parte pensar assim com o sofrimento alheio? Não, uma vez que isso vai gerar solidariedade entre as pessoas também. Hoje em dia, enquanto um não ver o outro se foder literalmente, ninguém faz nada não. E muitas vezes, nem assim fazem. O sofrimento das famílias que perderam bens e pessoas próximas no desastre era de partir o coração. Mas pelo menos, o mundo inteiro se moveu pra ajudá-los. Houve doações de todo o planeta em benefício a eles.


Até mesmo o The Edge do U2, montou um projeto para levantar fundos e comprar instrumentos musicais para os músicos de Nova Orleans que tiveram seus instrumentos perdidos no desastre.


Agora, olha até onde o cara vai pra conseguir uma grana extra:


O Protocolo de Kyoto, que foi assinado em 1997 estabeleceu que uma empresa pode gerar X emissão de gases que provocam efeito estufa. Ou seja, eu como dono da empresa, tenho que cuidar pra que ela não polua mais do que o permitido pelo Protocolo, caso contrário, serei punido. Entendido?


Agora, e se a minha empresa tem uma média de poluição de digamos... metade do permitido?


Essa outra metade me vale ouro, saiba disso. Eu posso vender os direitos que me sobraram de poluir. Em outras palavras, se eu poluo metade do que me é permitido, essa outra metade eu posso pôr á venda e quem comprar pode poluir o que o Protocolo permitiu a ele, MAIS a quantidade que ele comprou de mim.


Isso acabou gerando um mercado entre US$10 bilhões por ano no mundo inteiro, e pra se ter uma idéia, existem leilões pra venda de crédito de carbono, e acredite, tem muito nego atrás desse produto disposto a pagar até a mãe pra não diminuir o ritmo de trabalho da sua empresa, nem desobedecer ao Protocolo.


Acha que é só isso? Não tá nem na metade.


Outra coisa que tá gerando renda além de vender créditos de carbono, é o plantio de árvore.


Por exemplo, já ouviu falar de reflorestamento? É quando a empresa tem que cortar árvores, mas pra compensar, plantam outras. Mas e quando tem que cortar centenas de árvores? Plante outras centenas de árvores.


E é aí que entra o dinheiro. Tem empresas cujo serviço é plantar essas árvores e fazer o reflorestamento, cobrando um valor por muda de árvore. Mais geração de empregos e rendas.


Sem contar a polêmica de publicidade e jornalismo que isso vai gerando, tendo em vista a grandiosidade do assunto. Com isso, mais geração de empregos, mais renda, mais marketing.


Se o aquecimento global vai destruir o planeta, pelo menos vamos tirar o máximo de proveito dele. :-)


Fonte: Revista Super Interessante de Dezembro de 2007


Ouvindo Disturbed – Liberate

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Máfias

O crime hoje no mundo é enorme, intenso e violento. E pra piorar, é sujo, mata inocentes, sem o menor pudor, respeito. Até mesmo a Polícia entra nessa dança com a corrupção. Nem em Policiais podemos confiar, tampouco nos ladrões. Quem se fode é a sociedade que fica sem alternativas, com os bandidos comprando sua proteção através do suborno.


Mas não vim cá falar de policiais corruptos. Não vou gastar meu tempo em um posto escrito sobre porcos fardados. É claro, nem todos podem ser chamados, existem os honestos também.


Mas como eu já disse, o tema hoje é outro. Máfia.


É curioso o fato, de que pelo menos antigamente, os bandidos tinham honra e moral. Alguns chegavam a trazer benefícios pra sociedade.


É claro, haviam várias máfias em atuação, e a rivalidade entre elas rendiam um número de cadáveres consideráveis. Não exagero ao dizer isso, lá a matança era por contrato, com encomenda, e rendia pano pra manga.


Tuuudo italiano. E tinham os esquemas encobertos por negócios de fachadas. Eu to falando sério, os caras eram fodas. E eram tratados como uma família mesmo, e não como uma gangue qualquer.


E o melhor (ou pior...). Tinham membros que patrocinavam os negócios. Eu não estou de sacanagem, tinham membros que investiam pesado nos serviços mafiosos em troca de fácil lavagem de dinheiro e serviço sujo sem ter o nome envolvido.


Por exemplo a família Genovese. Os caras chegaram nos States em 1922. Os caras já mexeram com diversos negócios ilegais: jogos de azar, agiotagem, conspiração, pornografia e extorsão. Tudo isso era encoberto por uma fachada de uma indústria têxtil. Ou seja, essa merda toda eles faziam literalmente por debaixo dos panos. Pro governo, pra polícia, ou pra qualquer outro indivíduo, eles não eram mais que uma fabricante de tecidos.


Se isso deu certo? Meu amigo, depois de ler sobre eles, descobri que não existe policial esperto, existe bandido burro. O negócio deu tão certo, que o Capo Crimini (o chefão, o que manda em tudo na máfia.) deles simplesmente foi considerado uma das maiores personalidades do negócio século XX, por fazer uma total infra-estrutura organizada no mundo dos negócios. Pra se ter uma idéia, os membros da máfia tinham direito de trabalhadores normais, como férias, abono, essas coisas. E de quebra, a família de todos eram protegidas por eles mesmo. Ou seja, uma ameaça contra eles, e você amanhece boiando no rio. “Amanhecer” não quer dizer necessariamente “acordar”.


Era uma estrutura muito bem montada. Eram 200 a 250 membros/empregados. Fora os investidores e associados, o número subia pra 600.


Não é zoeira. Parece que com o estilo deles, o negócio era mais discreto. Todo assassinato por máfia, deve parecer acidente, acredite.


A família Gambino é outra digna de honra. Desembarcaram nos States e já chegaram tocando o negócio sujo na terra do Tio Sam. Era lavagem de dinheiro, roubo de carros, agiotagem, tráfico de drogas, o escambau a 4.


Só que eles tinham um serviço bem arrumado. Tratava-se da Murder Inc. (Assassinos S.A.), provavelmente um serviço de mortes por contrato. Acredite, no espaço de tempo dos anos 30, eles mandaram pra debaixo da terra um número de pessoas que varia de 400 a 700. Os caras eram maus com força. E o pior de tudo é que o nome da empresa era bem discreto, por sinal. Assassinatos S.A. Os fiscais da Receita, realmente achavam que se tratava de que? Lavanderia? O Capo Crimini deles, Albert Anastásia, vulgo Chapeleiro Louco, demorou pra ser pego, mas por fim, acho que deve ter morrido em alguma cama quentinha de hospital. Digo isso, por que ao pesquisar sobre ele, não sei como o filho da puta morreu. Nem sei se o filho da puta morreu.


Agora, os Lucchese, fala sério, eles sim tocaram o terror. Faziam o caralho a quatro pelas ruas, e pra piorar, eram aliados dos políticos. Explico: hoje, embora em menor proporção, os sindicatos lutam pelos direitos dos trabalhadores. Isso de certa forma, é uma pedra no sapato para os políticos, que não estão tão dispostos a dar os direitos dos trabalhadores assim, de mão beijada. Hoje é exagero dizer isso, por que o trabalhador, embora tenha poucos direitos, tem todos eles normalmente. Mas imagine nos anos 30, depois dos EUA sair da crise de 1929, que abalou a economia toda? Então. A máfia era encarregada de fazer extorsão dos Sindicatos, e por fim, os políticos se beneficiariam com isso. Claro, não há provas de que os Lucchese faziam o serviço para os políticos, pois por certo, uma informação desse caráter seria facilmente abafada pelos jornais daquela época, pra evitar uma imagem suja do governo americano.


O curioso, é que o chefão, Tommy Lucchese, atuou na máfia durante 50 longos anos, sendo Capo Crimini dela de 1951 a 1967 e nunca passou um dia sequer na cadeia. Jamais fora condenado por crime algum. Justiça tarda mas não falha né... sei...


O que tirar disso amiguinhos? O crime não compensa mesmo, mas se for mexer com algo errado, seja inteligente. Não precisa ser esperto. Só tem que ser mais esperto que a polícia. Ou ter dinheiro pra comprá-la.


Ok, ok, tanta máfia, agindo sobre o mesmo domínio e tal... será que seria fácil desse jeito manter a paz?


Não. As máfias brigavam entre si, e para isso, bastava um membro de uma delas pisar no calo de outro membro de outra máfia. Aí a merda começava.


Tanto que uma dessas merdas deu tanta polêmica que foi chamada de Guerra de Castellammare. Foi uma espécie de guerra entre as máfias uma por vingança da outra. Mais ou menos assim.


Tinha um cara, Joe Masseria. Era um dos membros do Genovese. O cara era mau, matava a desdém, se bobear, até a mãe entrava na história. Não tinha dó mesmo, bastava encomendar o serviço que o cara ia lá e fazia a caveira da vítima. Conta a lenda que se pagar, ele só matava um. Se não pagar, era dois: a vítima e o mandante que ficou devendo.


Acontece que no mundo da máfia, chegou uma hora que ele matou Gaetano Reina, dos Lucchese. Isso aconteceu no dia 26/02/1930. Tudo bem até aí...


Tudo bem o caralho. Os caras ficaram putos, mas o mais impressionante é que Tommy Lucchese, Capo Crimini dos Lucchese, que era a família do morto, virou a casaca e ficou do lado do Joe Masseria. Fi-duma-égua hein?


Deixa quieto. Tem nada não. Dizem que ele só ficou do lado do Masseria por que o cara fazia o serviço mesmo. E bom de serviço como ele, ele uma hora se tornaria peça central da história da máfia, já que era melhor apoiar o cara do que deixar ele trabalhando por conta própria, matando um dos seus.


Com a saída do Lucchese, o posto de chefia dos Lucchese fica com Masseria. Os negócios iam bem, até que um deles se vinga pela morte de Reina, matando um dos homens do alto escalão do Masseria. Aí ele fica puto, mexer com Joe Masseria e sair limpo? Não mesmo.


Em 23/10/1930, Masseria dá o troco e mata um dos homens que ele acreditava ser o principal mandante do crime, e líder da União Siciliana de Chicago. Ele é foda, matava a torto e a direito, sem pudor nem piedade.


E foi aquele mata-mata pra cá e pra lá. A cada homem que o Masseria matava, eles matavam 3 homens dele. E foi assim, não tinha como parar, nenhuma das famílias engolia calada. E como não havia muita coisa a se fazer, foi aquele esquema de toma-lá-dá-cá. Um matando, o outro também, um detonando, o outro também, e aquele esquema já tava durando tempo demais.


Até que a caveira do Masseria tava pra ser escrita. Lucky Luciano (sim, o premiado ao lado de Bill Gates...) sofreu um atentado, mas sobreviveu. Isso o deixou em cima do muro, pois estava do lado de Masseria, e Masseria não lhe deu a devida proteção. Por fim, ele e Vito Genovese resolvem trair Masseria e então o venderam.


Em 15/04/1931, depois de muitas mortes, Masseria jantava em um restaurante até que chega 4 capangas de diferentes famílias e o enchem de bala até se certificar de ele estava de fato, morto. Com a morte de Masseria, a guerra chega ao fim. Só a guerra, a história não.


Depois de muitas mortes desnecessárias, toda a máfia se junta e cria um conjunto de regras de convivência entre si. Não matar membros de outras, essas coisas de “respeito” mútuo.


Quem saiu ganhando? Lucky Luciano, que traindo Masseria, conseguiu o posto de chefe da máfia dos Bonnanos, dado por Maranzano, o chefe dos Bonnanos e dos Maranzanos. Só que Lucky Luciano foi um dos gângsters mais espertos que pisaram nessa terra. Ele era tão ativo que já sabia que o atentado que sofrera antes de Masseria morrer, foi ordenado pelo próprio Maranzano, que agora lhe cedia o cargo de chefe. Vingança é um prato que se come frio.


Não deu outra: Lucky Luciano mata Maranzano e se torna chefe de 70% das máfias de NY, se tornando o maior gângster daquela área, o mais poderoso, e é claro, o mais respeitado. Tão respeitado, que propôs trégua entre todas as máfias e foi aceito.


É, deu cuanga isso aí.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Fases

Antes de eu começar a ser o que eu sou hoje, passei por uma série de fases, momentos e toda a porra louca a mais, para me tornar esse molde de personalidade que hoje eu sou. Isso foi aos poucos, mas basicamente, passei por essas fases da vida.


Fã de Linkin Park



Ah qualé mermão, se você tiver hoje na faixa de 18-20 anos (até mais, se for o caso), você foi pego pela febre Linkin Park, vai dizer que não? Linkin Park em seus tempos de glória (lê-se Hybryd Theory) foi uma das maiores bandas do mundo. Era hit atrás de hit, parecia máquina de fazer dinheiro. Eu, é claro, não ficava pra trás.

Eu e minha patota do Colégio Adventista, éramos fãzinhos dos caras. Levávamos CDs com microsystems pra ouvir na sala, aí na hora do recreio, era o canal a gente ligar aquela porra na tomada e curtir aquele som. Nem aí se o colégio não permitia a audição de sons do inimigo dentro das dependências do prédio. O negócio ali era ouvir LP, pronto e acabou.

E por incrível que pareça, TODO MUNDO ERA FÃ também. In The End, Points Of Authority, With You, Papercut, One Step Closer, e tinha uma leeera de música que geral ouvia, sem ninguém torcer a cara e dizer: "ah não, essa é paia..."

Claro, tinham os mais metaleiros de merda, que convencidos de que os black-metal deles de lesados eram mais legais, torciam a cara:

"Mimimi, isso é paia, é vendido, e eu sou um metaleiro vagabundo."

Tsc tsc, e eles realmente ficavam putos, coitados, por que por todo lugar se ouvia Linkin Park, até em boate que ia quando moleque, tocava...

Esperei ansioso também o Meteora. Cara, era tanto fanatismo, que meus nicks na internet eram relacionados ao Linkin Park: Meteora, Faint, Texas, Bennington, Shinoda. Essa parte é a mais vergonhosa, eu tava parecendo aqueles fãzinhos de MTV.

Quando o Meteora lançou, foi outra explosão e maaais fãs queriam ouvir Linkin Park. Considero o Meteora um Hybryd Theory 2. As músicas são realmente iguais, depois pegue pra ouvir os dois CDs e por favor, me digam a diferença de musicalidade entre os dois? Nenhuma. A sensação de ouvir Easier to Run ou From The Inside, era a mesma de ouvir Crawling. Don´t Stay praticamente me fez lembrar de One Step Closer. E quanto à Somewhere I Belong? Se aquilo não te lembrar In The End, por favor, apure seu ouvido.

Aí veio o Reanimation. Cocozããããão de CD, me dei ao trabalho de baixar o álbum na época, mas sinceramente, foi um dos que eu mais odiei. Aqui começou a minha fase de decepção com os caras que um dia pensei serem os heróis da música. Enfim, nem tudo que eles soltam no mercado é bom, mas pelo menos haviam as músicas antigas, que por alguma razão fora desse mundo, eu ainda não havia enjoado. Até minha mãe já tava cantando junto de tanto que eu ouvia.

Logo em seguida, lançou Live In Texas. Advinha qual foi o primeiro DVD que eu comprei?

E nem valeu tanto a pena, pra falar a verdade. Nem Making Of tem no negócio, é o show e pronto. Nada além, nada a mais.

Depois de uma certa esperas, os caras lançam o Collision Course, que é um disco cujo encarte não serve nem pra limpar a bunda, pelo fato de que eles se juntaram com nosso amiguinho tosco do hip-hop, Jay-Z. Ele pode ser tosco, mas come a Beyoncé. Ponto pra ele.

E assim se foi. Os caras tiraram merecidas férias de 4 anos seguidos sem lançar merda nenhuma, e com isso, fui perdendo gosto, não sei... simplesmente parei de ouvir um pouco...

Pra se ter uma idéia, nem procurei saber muito sobre os caras nesse tempo. Caiu por acidente no meu ouvido que o nome do CD novo deles seria o Minutes to Midnight, e ao ouvir a QWERTY, eu até que gostei. Ao ouvir a What I´ve Done, também... Mas sinceramente, não tem mais nada de bom, de Linkin Park mesmo no álbum. Isso tá parecendo aqueles álbuns de rock britânico, pra moleque metido a entendedor de música.

E hoje é essa coisa aí. Ás vezes pego pra ouvir, mas nada demais não. A empolgação de pentelho que eu tinha se foi. Quanto ao último CD, ele vai ocupando 60mb inúteis no meu HD, mas tenho pra ter.

Pior que eu tinha esperança de gostar, por que o Minutes to Midnight foi produzido pela lenda, Rick Rubin. Mas tudo bem, é um disco muito bem produzido, só não é Linkin Park. É outra banda, com os mesmos integrantes e o mesmo nome.

E hoje meu gosto musical tá diferente também. Estou ouvindo mais rock de raiz, e graças a Deus, os Ramones fizeram o legado deles. Taí os punks que não me deixam mentir.



Piolho de Counter-Strike



Lembro-me a primeira vez que frequentei uma merda de Lan House (que pra mim, hoje só não é mais inútil que uma casa de fumo, uma loja onde o único produto a ser vendido é o cigarro. Agora, ampliando o atendimento ao cliente, eles também têm vendido outras variedades de produtos: isqueiros e cachimbos.).

Tratava-se da Evolution Lan House, que foi aberta na esquina da minha rua, onde hoje é o QG do Beer Fest. Lembro-me das matanças em meio ao jogo, puro sangue voando e terroristas e contra-terrorista trocando bala em meio à favela do Rio de Janeiro.

Nunca fiz parte de clan, nem essas viadagens. Sempre me considerei um matador solitário, espreitando à beirada de algum beco mal iluminado, pronto pra cortar a carne do primeiro inimigo que aparecesse, usando a faca como arma e logo após, contemplar seu cadáver e levantar da cadeira gritando: "TRAMONTINAAAA".

Era uma zoeira sem tamanho dentro da Lan House. Imaginem um bando de fedelhos fedidos enjoados, gritando "olha a bomba", "ele tá ali...", "camper!"... era da dessa putada que eu fazia parte.

Então...

Na Evolution Lan House, foi a única fase que eu realmente via graça no CS. É por que eu só jogava com quem eu conhecia, era coisa mais natural, sei lá. A matança era mais bem encarada e não haviam nicks desconhecidos no servidor. Em suma, era bom mesmo a época que não era modinha.

Daí, depois de tudo, o ramo de Lan Houses em Ipatinga foi se ampliando, e hoje temos aí leras de noobs e o CS está totalmente defasado. Tsc tsc... o que a moda não faz.



Nerd



Essa, inclusive, é uma das categorias que me encaixo até hoje. E é a que eu entrei primeiro. Explico: desde garoto tive um gosto por computadores, videogames, jogos, cultura nerd em geral, e isso foi aumentando. Meus amigos no colégio também eram os nerds. Eu raramente andava com os "boleiros" (que por sinal, são a pior raça dentro da sociedade), então meus assuntos no colégio se resumiam a GTA, Metal Gear Solid, MMORPG, softwares em geral, e tudo mais.

Antigamente, esse meu lado era mais forte. Gastava considerável quantia de dinheiro em videogame, e nada pra mim era melhor que ficar em casa curtindo um jogo novo que eu comprei. Me lembro que na época que comprei Resident Evil 4, e GTA San Andreas, minha vida social foi pra 0. Era trampo -escola - videogame, seguidamente, sem descanso. Acabou virando uma rotina.

Minha mãe era quem sempre me enchia o saco com essa jogatina adoidada.

"Aaaaaaaah Caio, você vai dá um trem no olho, não demora!"

Mas quem disse que eu dava idéia? Era viciante, não parava de jogar em momento livre algum. Metal Gear Solid 3 se tornou uma verdadeira história digna de Oscar.

Hoje, posso dizer que meu lado nerd está dormindo. Meu PC tem uma configuração bem razoável e eu nem me importo muito com jogos de PC. Agora, no momento em que for lançada uma versão de GTA 4 pra PC, lá vou eu tirar dinheiro do bolso para bancar uma troca de PC, já que um lançamento desse nível exige isso de mim. Tem outros jogos lançando também, mas foi mal, GTA 4 é o maior lançamento da história da indústria de entretenimento.

Hoje meu lado nerd é tão pequeno que não tenho nenhum gadget de geek (iPod, iPod Touch, PSP, Nintendo DS, essas coisas), meu PC é basicão, e quando muito, tem o PS2 do meu irmão comendo poeira na sala, que só ligo pra jogar Guitar Hero 3. De resto, nada demais. E mesmo se tivesse dinheiro para bancar esses aparelhos, gastaria com outras coisas.



Leitor



Esse aqui é uma categoria que entrei e nunca mais saí. Já fui psicopata devorador de livros, já li um livro de 1000 páginas em 4 dias, o que me rendeu dores de cabeça, mas com um enredo daquele...

Li toda a saga do Harry Potter, li toda a saga do Senhor dos Anéis, Agatha Christe já quase li todos dela. Mas faz tanto tempo, que nem me lembro de alguns livros.

Não me lembro de qual foi o primeiro livro que eu li, mas lembro-me perfeitamente do primeiro que eu comprei. Foi "Assassinato no Expresso do Oriente" da Agatha Christie. Tinha ouvido boas recomendações sobre Agatha Christie, e me indicaram esse livro para ler. Vou ser franco, eu esperava que ela fosse um boa escritora, mas me surpreendi quando eu vi que ela simplesmente era a melhor. Bota no chinelo esses enredos fracos de detetives clichês, a lá Sherlock Holmes. Pelo contrário: a história é totalmente centrada no mistério, mas com surpresas muito bem elaboradas.

Explico: um mistério no ar é quase sempre o tema do livro, mas é de se admirar a forma com que a autora conduz as investigações, interligando fatos e você, tenta descobrir, e quase nunca (isso se você não for um psicopata, ou não tiver lido o livro antes...) descobre.

A saga Harry Potter dispensa comentários... apesar de ser pop, modinha, é uma das séries mais inteligentes que eu já li na minha vida. Lamento muito o fato de que não vou ler uma continuação da série, já que o último livro eu li a pouco tempo. Posso afirmar, JK Rowling realmente foi muito boa em suas imaginações e pensamentos ao escrever a trama.

Hoje eu leio na média de 2 a 3 livros por mês. Pra falar a verdade, é uma média baixíssima, e só mantenho por gostar mesmo da leitura.


E enfim, quando eu lembrar de mais fases eu posto aqui.

Ouvindo Unwritten Law - The Celebration Song

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Aniversários

Em meus tempos de moleque, eu realmente gostava de brincar. Ia pra rua brincar de pique-esconde, zoava um cadiquim com todo mundo, e todo mundo na minha vizinhança me conhecia.

"Ah, é o Caio, filho da Penha e do Cacau."

Eu era meio banguela e tinha cabelo de índio. Mas tudo bem, detalhes à parte, não é necessário citar os pormenores. Eu era menos feio quando criança.

Aos meus amigos de infância, tenho contato com eles até hoje. Pelo menos grande parte deles. São meus vizinhos a quase 12 anos, então é natural já.

Digamos que crescemos juntos, jogamos muita bola, muito churrasco, e até beber a gente bebeu até cair. Hoje eu não mexo mais com bebida, mas me lembro dos meus tempos de cachaceiro mirim. O que eu posso me gabar é que nunca cheguei a chamar o Raul por conta de bebida, mas é por que depois que minha visão começava a dar reflexos meio atrasados, era hora de passar pra Coca-Cola.

Houve uma ocasião da qual devo-lhes contar como foi o ocorrido. O Dário, um amigo meu que eu conheço a uns 5 ou 6 anos (se não me falha a memória...), sempre foi o mais velho daqui da rua. Hoje, eu com 18 anos, ele tem 23. Deu pra notar né? Devido á idade, ele sempre foi o cara que agitava os batidões da rua. Portanto, qualquer festa de aniversário surpresa, era na casa dele.

Pois é.

Tem a Ju também, que posso dizer com toda certeza, se eu for descrever a diferença que ela teve na minha vida, meus dedos iam sangrar de tanto digitar, o HD queimaria pela quantidade de informação de caracteres armazenada, e o doutor me proibiria de usar um computador por 5 anos. Em suma, ela é uma grande amiga pra mim, tanto ela quanto toda a família dela.

Então...

Era véspera do meu aniversário de 16 anos. Na ocasião, nem sabia que eu iria ter festa (nunca fui muito chegado em festa de aniversário pra mim...) e então, pra mim, aquele era um ano natural como qualquer outro. Iria fazer um ano a mais de idade, e ficar mais velho. Fim de papo. Até minha mãe insistira em um bolinho para os amigos mais chegados, mas eu disse "não".

O que houve então?

Dário e Ju, resolveram vir com um papo pra mim de que a Miriam, irmã do Dário estava precisando de uma festa pra alegrar-se, e coisa e tal. Eu disse na hora que topava e perguntei o dia. Pra não ficar muito na cara, eles vieram com o papo de que iriam marcar e me avisariam. Tá, ué...

E o assunto... morreu. Nem perguntei mais, houveram outras ocasiões, e por uma ou duas semanas, nem ouvi falar de nada. Achei que haviam desistido.

Mas veja bem, uma hora ou outra eu descubro a verdade. As escrituras dizem CLARAMENTE:

"nunca esconda nada do Catito. Você deixará escapar de alguma forma."

E não é que foi EXATAMENTE o que houve?

Em uma visita à casa da Ju, ela sai da sala e eu fico olhando para o teto. Quadro legal, bonito vaso de flor, não gostei daquele enfeite, lista de convidados pra festa do Catito, DVDs, TV, outro quadro legar, que-que-que-como?

Aí eu levantei, e li um papel maaais ou menos assim:

LISTA DE CONVIDADOS PRA FESTA DO CATITO.

Nome
Nome
Nome
Nome
Nome
Nome
Nome
Nome
Nome
Nome
Nome
Nome
--------------
Felipe <= Irmão Carol <= Irmã Penha <= Mãe

Eu li aquilo e pensei...

"Que merda... esse povo tá agitando festinha pra mim."

"O Juliana, me responde uma parada aqui..."
"Que é?"
"Essa lista aqui..." aí mostrei a lista "...é pra festa da Miriam?"

Aí ela arregalou os olhos, abriu a boca, mandou a mão na lista e ainda falou:

"É SIM! E QUEM MANDOU MEXER NO QUE NÃO É SEU?"
"Nãooo, que isso, eu não li nada, juro. Só os convidados."
"Caio, você leu isso?"
"Não!"
"Eu sei que leu!"
"Não li."
"Leu."
"Por que você tá falando isso?"
"Por que eu sei quando você tá mentindo, eu te conheço."
"Que bom, sabe quando eu quero mijar também?"
"Arrogante."
"Eu não falei nada..."
"Você leu ou não?"
"Não! Você não acredita em mim?" - e olhei nos olhos dela. Nunca menti tão bem. Eu sei que ela não acreditou, mas eu sei que eu menti bem, entende?

E por aí ficou. Eu não sou trouxa, não me esqueço do dia da festa. Tava um chuvão da porra, e eu nem falei nada. Já sabia de tudo, e todo mundo dixavava quando eu chegava, era legal demais cara. Às vezes, havia um pequeno grupo de amigos conversando, aí colocavam o menorzinho pra vigiar quando eu estava chegando. Aí, como não sabiam dixavar, eu chegava de boa e eles só mudavam de assunto de uma hora pra outra.

Daí o Dário me liga:

"Aí Caio, peguei o filme lá cara, aparece lá em casa pra gente ver."
"Ah, tem como levar lá em casa não?" - eu ficava falando pra não ter que ir na casa dele.
"Ah, para de bichice, aparece lá."
"Queee, vou não, to caaaansaaaaaaado..."
"Vai lá PESTE!"
"Se der eu apareço lá."

E assim ia.

Aí eu chego na casa dele. A mãe, Dona Meire (qualquer férias, eu vou aí em Sabará, me aguarde!) me recebeu.

"Oi Dona Meire, o Dário tá aí?"
"Ah Caio, o Dário foi ali no supermercado e não demora."
"Ah tá, vou lá atrás dele."
"VAI NÃO, VEM CÁ."
"Não, é que..."
"VEM CÁ MENINO, PESTE!"

E eu subi os lances de escada. A cada degrau, sabia que tinha um bolo, balão, brigadeiro, faixa de "PARABÉNS CATITO!"

Me lembro muito bem da cena até hoje. Tinha um bolo gostoso de chocolate em cima da mesa, o pessoal batendo palmas com parabéns pra mim. Eu disse algumas bobagenzinhas do tipo, "eu não esperava", "foi uma surpresa mesmo, eu nem desconfiei", e por aí vai.

Hoje o Dário e a Ju já sabem que eu já sabia da festa. E mandaram queimar a lista depois de feita, imaginam só? A Ju esqueceu de chorar fogo naquele pedaço de papel incriminador, talvez por distração.

Eu e a Ju na minha festa de 16 anos. Nesse tempo eu não tinha barbicha ainda.

Foto recente. Barbicha rulez. Quero morrer com ela.

Sei que as intenções dos promotores do evento Festa do Catito Ano XVI foram as melhores possíveis, e não posso negar que me fez sentir bem ver tanta gente reunida pra celebrar minha idade avançando. Mas eu sempre fui frio como cadáver de esquimó. Naquele tempo, fazer aniversário era estar um ano mais perto da morte. Hoje, as coisas não são tão diferentes, já que se passaram 2 anos.

Por incrível que pareça minha mãe fez questão de fazer festa em TODOS os anos pra mim, enquanto criança. Teve painel das Tartarugas Ninjas, Batman, Pokémon e aquelas frescuras de moleque todas, como surpresinha, CD de músicas infantis rolando e a porra louca toda.

Sem contar que eu me lembro que toda festa, algum pivete TINHA que machucar. Isso me faz lembrar uma situação...

Eu ainda morava no Jardim Panorama, isso tem uns 12 a 13 anos já, se eu não me engano. Pois é, morávamos lá e tinha um par de irmãos amigos meus, o Edmar e o Dudu. O Dudu, hoje que eu me toquei, tinha asma. Eu sempre perguntava pra que ele usava aquela bombinha toda hora, e ele me explicou:

"ééé..... faaaaaalll...ta.... dee.... aaaaaaaaaar.".
"E essa bombinha, te dar o ar de volta?"
"... éééééééééé..."
"Quer dizer que seu pulmão é uma merda?"
".... nãããããão... seeeeeeeei!"

E por aí vai. Era véspera do niver de alguém ali perto, não me lembro da porra do nome, mas era algo como João ou José e mais um nome depois. Que seja, naquele tempo os vizinhos eram mais unidos, então a patota toda foi convidada. E lá fomos nós, e determinado momento da festa, com bolo, brigadeiro, guaraná, salgadinho e até um animador chato e mala lá no meio tinha. Ele parecia com o Tom Cavalcante e se aproveitava do fato para se vestir à caráter como o Ribamar do Sai De Baixo (anos 90, volte!).

Como era uma festa de criança e o pai do aniversariante deve ter sido claro:

"Quero essa pivetada quieta e calada num canto, dá uma brincadeira pra eles ficarem distraídos que eu vou fazer sala pros convidados, despachar essa putada mais cedo que hoje tem jogo do Galo."

Eu imagino que tenha dito isso...

Daí, dito e feito. O tal do Ribamar cover sentou aquela criançada toda numa roda e começou a brincar de perguntar nome, contar piada e nesse meio tempo que a gente tava distraído, ele pegava as nossas coisas e escondia só de brincadeira. Tipo, às vezes o menino tava pensando pra responder ou posando pra foto, lá ía ele pegando os óculos de algum panguanaite que dormiu no ponto. Daí todo mundo ria do menino, e com sorte ele não chorava.

Lembro que ele pegou meu GumWatch e depois devolveu, é claro. Do Edmar ele pegou uma pulseirinha muito gay que diz ele que dava sorte. De uma menina lá da rua, um cordãozinho mixuruca.

Do Dudu... é do Dudu foi a bombinha de asma mesmo. E o mongol nem notou nada... daí uma hora eu olho pro lado e tá o Dudu até vesgo de roxo segurando forte meu braço. Parecia que eu tava vendo um amigo meu morrendo na guerra...

"Caaaaaad... Caaaadê... minhaa bom... bom...?
"Seu bombom?"
"Nããããããããooooo... minha boooooombiiiinnnhaaa"
"Sua balinha?"
"Nããããããããããããooooo..."
"Então o que é, porra?"
"Minha bombin... bombinha...."

Aí eu fraguei qual era a cuanga. Alguém pegou a bombinha daquele asno de sacanagem e o moleque tava ali se fudendo, coitado. Ele tava com a respiração forte já, aquela coisa desesperadora, aí eu soltei um berro:

"Quem pegou a bombinha desse menino aqui...?"

Aí todo mundo da festa olhou e ficou em silêncio. Até a tiazona mal comida que ficava servindo salgadinhos parou pra olhar.

"Ele tá com falta de ar!"

Aí a mãe do Dudu, dona... dona... sei lá o nome da mãe dele porra!, abriu a bolsa, pegou uma bombinha reserva e deu pro Dudu, falando:

"Quantas vezes eu já falei que não-é-pra-perder-a-bombinha, hein?"

Ele enfiou a boca na bombinha e respirou aliviado...

Logo depois o Ribamar cover chegou e falou com a mãe dele:

"A senhora me perdoe, por favor. Eu estava numa bincadeira com os garotos, e sem saber que isso era importante pra ele, eu peguei pra brincar com eles também."

E na mão do filho da puta tava a bombinha!

Ouvindo Ramones - Censorshit