quarta-feira, 16 de julho de 2008

Máfias

O crime hoje no mundo é enorme, intenso e violento. E pra piorar, é sujo, mata inocentes, sem o menor pudor, respeito. Até mesmo a Polícia entra nessa dança com a corrupção. Nem em Policiais podemos confiar, tampouco nos ladrões. Quem se fode é a sociedade que fica sem alternativas, com os bandidos comprando sua proteção através do suborno.


Mas não vim cá falar de policiais corruptos. Não vou gastar meu tempo em um posto escrito sobre porcos fardados. É claro, nem todos podem ser chamados, existem os honestos também.


Mas como eu já disse, o tema hoje é outro. Máfia.


É curioso o fato, de que pelo menos antigamente, os bandidos tinham honra e moral. Alguns chegavam a trazer benefícios pra sociedade.


É claro, haviam várias máfias em atuação, e a rivalidade entre elas rendiam um número de cadáveres consideráveis. Não exagero ao dizer isso, lá a matança era por contrato, com encomenda, e rendia pano pra manga.


Tuuudo italiano. E tinham os esquemas encobertos por negócios de fachadas. Eu to falando sério, os caras eram fodas. E eram tratados como uma família mesmo, e não como uma gangue qualquer.


E o melhor (ou pior...). Tinham membros que patrocinavam os negócios. Eu não estou de sacanagem, tinham membros que investiam pesado nos serviços mafiosos em troca de fácil lavagem de dinheiro e serviço sujo sem ter o nome envolvido.


Por exemplo a família Genovese. Os caras chegaram nos States em 1922. Os caras já mexeram com diversos negócios ilegais: jogos de azar, agiotagem, conspiração, pornografia e extorsão. Tudo isso era encoberto por uma fachada de uma indústria têxtil. Ou seja, essa merda toda eles faziam literalmente por debaixo dos panos. Pro governo, pra polícia, ou pra qualquer outro indivíduo, eles não eram mais que uma fabricante de tecidos.


Se isso deu certo? Meu amigo, depois de ler sobre eles, descobri que não existe policial esperto, existe bandido burro. O negócio deu tão certo, que o Capo Crimini (o chefão, o que manda em tudo na máfia.) deles simplesmente foi considerado uma das maiores personalidades do negócio século XX, por fazer uma total infra-estrutura organizada no mundo dos negócios. Pra se ter uma idéia, os membros da máfia tinham direito de trabalhadores normais, como férias, abono, essas coisas. E de quebra, a família de todos eram protegidas por eles mesmo. Ou seja, uma ameaça contra eles, e você amanhece boiando no rio. “Amanhecer” não quer dizer necessariamente “acordar”.


Era uma estrutura muito bem montada. Eram 200 a 250 membros/empregados. Fora os investidores e associados, o número subia pra 600.


Não é zoeira. Parece que com o estilo deles, o negócio era mais discreto. Todo assassinato por máfia, deve parecer acidente, acredite.


A família Gambino é outra digna de honra. Desembarcaram nos States e já chegaram tocando o negócio sujo na terra do Tio Sam. Era lavagem de dinheiro, roubo de carros, agiotagem, tráfico de drogas, o escambau a 4.


Só que eles tinham um serviço bem arrumado. Tratava-se da Murder Inc. (Assassinos S.A.), provavelmente um serviço de mortes por contrato. Acredite, no espaço de tempo dos anos 30, eles mandaram pra debaixo da terra um número de pessoas que varia de 400 a 700. Os caras eram maus com força. E o pior de tudo é que o nome da empresa era bem discreto, por sinal. Assassinatos S.A. Os fiscais da Receita, realmente achavam que se tratava de que? Lavanderia? O Capo Crimini deles, Albert Anastásia, vulgo Chapeleiro Louco, demorou pra ser pego, mas por fim, acho que deve ter morrido em alguma cama quentinha de hospital. Digo isso, por que ao pesquisar sobre ele, não sei como o filho da puta morreu. Nem sei se o filho da puta morreu.


Agora, os Lucchese, fala sério, eles sim tocaram o terror. Faziam o caralho a quatro pelas ruas, e pra piorar, eram aliados dos políticos. Explico: hoje, embora em menor proporção, os sindicatos lutam pelos direitos dos trabalhadores. Isso de certa forma, é uma pedra no sapato para os políticos, que não estão tão dispostos a dar os direitos dos trabalhadores assim, de mão beijada. Hoje é exagero dizer isso, por que o trabalhador, embora tenha poucos direitos, tem todos eles normalmente. Mas imagine nos anos 30, depois dos EUA sair da crise de 1929, que abalou a economia toda? Então. A máfia era encarregada de fazer extorsão dos Sindicatos, e por fim, os políticos se beneficiariam com isso. Claro, não há provas de que os Lucchese faziam o serviço para os políticos, pois por certo, uma informação desse caráter seria facilmente abafada pelos jornais daquela época, pra evitar uma imagem suja do governo americano.


O curioso, é que o chefão, Tommy Lucchese, atuou na máfia durante 50 longos anos, sendo Capo Crimini dela de 1951 a 1967 e nunca passou um dia sequer na cadeia. Jamais fora condenado por crime algum. Justiça tarda mas não falha né... sei...


O que tirar disso amiguinhos? O crime não compensa mesmo, mas se for mexer com algo errado, seja inteligente. Não precisa ser esperto. Só tem que ser mais esperto que a polícia. Ou ter dinheiro pra comprá-la.


Ok, ok, tanta máfia, agindo sobre o mesmo domínio e tal... será que seria fácil desse jeito manter a paz?


Não. As máfias brigavam entre si, e para isso, bastava um membro de uma delas pisar no calo de outro membro de outra máfia. Aí a merda começava.


Tanto que uma dessas merdas deu tanta polêmica que foi chamada de Guerra de Castellammare. Foi uma espécie de guerra entre as máfias uma por vingança da outra. Mais ou menos assim.


Tinha um cara, Joe Masseria. Era um dos membros do Genovese. O cara era mau, matava a desdém, se bobear, até a mãe entrava na história. Não tinha dó mesmo, bastava encomendar o serviço que o cara ia lá e fazia a caveira da vítima. Conta a lenda que se pagar, ele só matava um. Se não pagar, era dois: a vítima e o mandante que ficou devendo.


Acontece que no mundo da máfia, chegou uma hora que ele matou Gaetano Reina, dos Lucchese. Isso aconteceu no dia 26/02/1930. Tudo bem até aí...


Tudo bem o caralho. Os caras ficaram putos, mas o mais impressionante é que Tommy Lucchese, Capo Crimini dos Lucchese, que era a família do morto, virou a casaca e ficou do lado do Joe Masseria. Fi-duma-égua hein?


Deixa quieto. Tem nada não. Dizem que ele só ficou do lado do Masseria por que o cara fazia o serviço mesmo. E bom de serviço como ele, ele uma hora se tornaria peça central da história da máfia, já que era melhor apoiar o cara do que deixar ele trabalhando por conta própria, matando um dos seus.


Com a saída do Lucchese, o posto de chefia dos Lucchese fica com Masseria. Os negócios iam bem, até que um deles se vinga pela morte de Reina, matando um dos homens do alto escalão do Masseria. Aí ele fica puto, mexer com Joe Masseria e sair limpo? Não mesmo.


Em 23/10/1930, Masseria dá o troco e mata um dos homens que ele acreditava ser o principal mandante do crime, e líder da União Siciliana de Chicago. Ele é foda, matava a torto e a direito, sem pudor nem piedade.


E foi aquele mata-mata pra cá e pra lá. A cada homem que o Masseria matava, eles matavam 3 homens dele. E foi assim, não tinha como parar, nenhuma das famílias engolia calada. E como não havia muita coisa a se fazer, foi aquele esquema de toma-lá-dá-cá. Um matando, o outro também, um detonando, o outro também, e aquele esquema já tava durando tempo demais.


Até que a caveira do Masseria tava pra ser escrita. Lucky Luciano (sim, o premiado ao lado de Bill Gates...) sofreu um atentado, mas sobreviveu. Isso o deixou em cima do muro, pois estava do lado de Masseria, e Masseria não lhe deu a devida proteção. Por fim, ele e Vito Genovese resolvem trair Masseria e então o venderam.


Em 15/04/1931, depois de muitas mortes, Masseria jantava em um restaurante até que chega 4 capangas de diferentes famílias e o enchem de bala até se certificar de ele estava de fato, morto. Com a morte de Masseria, a guerra chega ao fim. Só a guerra, a história não.


Depois de muitas mortes desnecessárias, toda a máfia se junta e cria um conjunto de regras de convivência entre si. Não matar membros de outras, essas coisas de “respeito” mútuo.


Quem saiu ganhando? Lucky Luciano, que traindo Masseria, conseguiu o posto de chefe da máfia dos Bonnanos, dado por Maranzano, o chefe dos Bonnanos e dos Maranzanos. Só que Lucky Luciano foi um dos gângsters mais espertos que pisaram nessa terra. Ele era tão ativo que já sabia que o atentado que sofrera antes de Masseria morrer, foi ordenado pelo próprio Maranzano, que agora lhe cedia o cargo de chefe. Vingança é um prato que se come frio.


Não deu outra: Lucky Luciano mata Maranzano e se torna chefe de 70% das máfias de NY, se tornando o maior gângster daquela área, o mais poderoso, e é claro, o mais respeitado. Tão respeitado, que propôs trégua entre todas as máfias e foi aceito.


É, deu cuanga isso aí.

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