Claro, você leitor vai achar que a infância deve ser livre de violência, que uma criança não deve ter qualquer contato com a falta de paz, guerra, maldades do mundo, caos e frustração.
E eu bem concordo com você, devo assumir. É de partir o coração ver um moleque marcado com tapas que recebeu do pai. Por mais que o pai tenha que educar o filho, bater é sacanagem. Quer dizer, não sei, nunca fui pai. E espero nunca receber tal notícia também, por que aí ferra tudo.
O que acontece é o seguinte: criança gosta de sangue, filmes de ação, decaptações e assassinatos a lá cold blood. Não são todas, mas boa parte dos pivetes de atualmente curtem essa forma de arte. E não vou negar, fui umas dessas crianças.
Em meus tempos de pimpolho, eu não tinha ídolos idiotas como as outras crianças como o Didi dos Trapalhões (eu gostava era do Zacarias), Pikachu, ou a Priscila da TV Colosso.
E baseado em toda forma de violência que temos hoje no mundo, pelo menos as antigas eram mais dixavadas e discretas. Quero dizer que antigamente deveria ter mais censura, por que os filmes não são lá tão cabulosos.
Posso listar aqui algumas listas dos momentos violentos que com certeza, você ou algum amigo seu presenciou / participou. Quer ver?
- Rambo
Não preciso nem dizer que aqui, dispensa qualquer forma de comentário. Um dos maiores matadores que o cinema já viu, quando ele enrolava a tal faixinha vermelha em volta da testa, os soldados poderiam começar a rezar, o chumbo ia comer à torto e a direito, ia sobrar pitoco de bala até pra quem não tem nada a ver com a história.
Eu era fã mesmo era do Rambo! Filmes dele eram fodões, ele matava pra ver cair. As frases mais lendárias se atribuíam a ele!
- Quantos homens mandou para pegar John Rambo?
- Duzentos!
- Pois mande duzentos sacos para os cadáveres!
- QUEM ELE PENSA QUE É? DEUS?
- NÃO. DEUS PERDOA, RAMBO NÃO!
Claro que nem citei ainda o fato de que ele era o mestre das tosqueiras. Só ele mesmo pra fugir de um exército montado numa motoquinha fudida de 50cc igual aquela...
Mas tudo bem, cinema antigo é cinema antigo.
Rambo foi o tipo de filme que mostrou quão impiedoso um psicopata pode ser. Não que Rambo fosse um psicopata, pelo contrário, ele sempre teve a mente sã. Psicopata eram os loucos que ousavam olhar torto pra ele.
E dane-se seu lugar na hierarquia. De faxineiro à general, passando por sargento, soldadinho, coronel, cozinheiro, vagabundo, escrivão, aspira, não interessa. Ele não teria piedade de sua alma.
Rambo seria a solução da guerra no mundo. Juntem ele, Jack Bauer, Chuck Norris, John McClane e o MacGyver (sabe como é, fazer bomba de chicletes e clips de papel, tem que ser o mestre mesmo...), e quero ver que terroristazinho de merda ousaria tocar o terror com um carro bomba, ou com uma dinamite no peito.
E não enumerei aqui na lista ainda as frases, que coloquei logo ali em cima.
- Sunset Riders – SNES
Ah, qualé, vai dizer pra mim que nunca nem jogou Sunset Riders? Puta-que-o-pariu, manucú. Jogo fodão demais, um dos melhores da era 16 bits (bons tempos...). É um dos jogos que fazem você afirmar por 5 minutos “NEXT GEN É O CARALHO”, mesmo você engolindo tais palavras depois de não poder simplesmente jogar GTA 4 no XBOX 360 ou PS3 que está doido pra comprar, mas não entra renda extra pra isso nem tios no exterior.
O jogo é o seguinte: são várias fases que você tem que ir passando e matando capangas uma a uma, até chegar no chefe. Mate o chefe, ganha a recompensa e vai pra próxima. Sim, eu sei, o jogo é repetitivo, mas muito divertido. Ainda mais se for jogado com 2 jogadores, aí tá feito.
São ao todo quatro personagens que demonstram ter uma masculinidade muito duvidosa, mas como o jogo em si é bala atrás de chumbo, seguido atrás de fogo cruzado, essa bichice fica em segundo plano.
O jogo em si é a violência pura, porém sem sangue, sem cenas de tortura e balas que parecem bolas de paintball. Ou seja, tudo muito discreto pra não ter censura na época de ouro dos joguinhos da Nintendo.
Assumo que até hoje eu sou muito fã do jogo, embora que zere ele numa taxa de não mais que uma vez por mês, por que quem se importa com outro jogo da Nintendo quando se tem The Legend Of Zelda: Ocarina Of Time às mãos?
- Filmes do Jackie Chan
Tá, talvez eu esteja exagerando e forçando a barra quando eu digo que os filmes do Jackie Chan são violentos – pra falar a verdade NÃO SÃO MESMO.
Mas citei como exemplo o japinha com cara de tiozão gente boa pelo fato de que eu vi muito Police Story na minha infância. Ele tem as manhas de mesclar humor com pancadaria leve e bem trabalhada. Por mais medíocres que certos filmes deles sejam (O Medalhão é meu saco. Filme escroto!), os que são realmente bons compensam e muito.
E ele ainda tem um fator em potencial que o torna um puta ator: toda série de filme que ele faz em companhia de outro ator é foda! Vide “A Hora do Rush”, vide “Bater ou correr”, e “Bater ou correr em Londres”, sem contar nas pontinhas que ele faz em filmes de outros.
Definitivamente, os filmes do Jackie Chan são o melhor exemplo da mistura comédia e ação. Sem censura.
- Brincadeiras de caráter violento / unicamente para provocar dor alheia
Explico melhor: já brincou de “Na Bahia ninguém fica em pé”?
A brincadeira se resume no seguinte prisma: um bando de manés de faixa etária de 7 – 12 anos (se algum moleque que passar dessa idade brincar disso, merece a mais profunda exclusão de seu círculo social!) se reúnem em um local com espaço. Todos ficam no chão e rodando as pernas, atentos à cantoria da seguinte melodia:
Na Bahia ninguém fica em pé /
Na Bahia ninguém fica em pé
Hey!
A cereja no topo da brincadeira é a seguinte: ninguém pode se levantar. Aquele que levantar, imediatamente leva a mais profunda chuvarada de rasteiras, chutes, bicudas, pontapés e bordunas que alguém pode levar naquelas condições de espaço físico. É simples a regra: levantou, levou”. Sair sangue, marcas roxas, lágrimas e gritos de dor não eram motivos pra parar. Pra ser franco, o pessoal queria era ouvir isso mesmo. Enquanto o condenado e infeliz não sentasse no chão, ninguém parava. Podia chorar, mijar, cagar, gritar, ninguém parava. O curioso é que o condenado fazia de tudo, EXCETO voltar a sentar no chão.
Outro excelente exemplo das brincadeiras voltadas à violência são as famosas contratações. Não conhece?
Se trata do seguinte: você chega na escola e avista um amigo seu. Daí ele te mostra o dedinho e diz:
Ao concordar com os termos você estava disposto a levar todo o tipo de pescotapa, murro na cabeça e chute no estômago caso ousasse dizer algum número (qualquer um, não interessa) sem dizer logo após “MATEMÁTICA”.
Sim, eu sei, brincadeiras idiotas. Nenhuma delas tem objetivo, mas ao menos você tem como se defender dos ataques. No açouguinho, os termos eram os seguintes: dez ou mais pivetes em uma quadra de escola, com uma bola apenas. Aquele que estiver em poder dela, leva bicuda. Simples assim. Sem dó, é claro.
Isso é claro, somente um pequeno exemplo de váááários outros que podemos pegar na sociedade que aguçam os instintos matadores de nossos pimpolhos.
Ouvindo Metallica - Master Of Puppets (S & M)
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