sábado, 15 de novembro de 2008

Burradas

Burradas e vacilos muitas vezes constituem um fato que a pessoa poderia ter evitado, se periodicamente usasse o cérebro pra pensar.

A pessoa na maioria das vezes, até consegue planejar direitinho todo o roteiro, mas esquece de um pequeno detalhe, ou então cai na idéia de alguém sem perceber a real intenção ÓBVIA dessa pessoa. Cá pra nós, é bem falta de atenção mesmo. Mesmo!

O que fazer? Cara, na boa, o melhor é assumir. Primeiro passo mesmo, sejam sinceros. Ou não, o orgulho sempre em primeiro lugar, nunca o deixe pra lá! Mas quando o vacilo é óbvio, fazer o que?

Infelizmente, nada a se fazer. Só aceitar.

Posso citar exemplos de como um ser humano pode ter o mesmo cérebro de um asno, tomar atitudes de um jegue, e um QI de dar dó.

Veja bem:

- John Uriah, o maravilhoso inventor de medicamentos para sistema respiratório.

Veja bem, nos arredores de um vilarejo na Espanha era muito poluído devido às queimas que haviam pela região. Nada muito poluente isso, mas misturando com o ar seco que era geral na região, isso comprometia o sistema respiratório do povo na região. Pra ser franco, as queimadas com o ar naquela região poluíam mais que Opala 4.1 soltando fumaça preta e fuligem, COM o carburador desregulado. O ar lá era tão poluído, que dava pra pegar ele, como se fosse poeira. Sua consistência o ar de uma mesa de poker com charutos cubanos queimando a desdém.

Foi então que esse filho da puta desse John Uriah teve a idéia de fazer um medicamento contra o ar poluído. Isso não seria um problema se não fosse o fato de que: quimica

1 - Ele não entendia NADA de medicina. Nem NADA de química. NADA de biologia. Aliás, em áreas biológicas, reza a ficha do condenado que ele não sabia nada MESMO. Como o cara espera fazer um medicamento sem conhecimento pra tal tarefa? Quer dizer, "misture 250ml de Coca-Cola com 3 colheres de Leite Ninho em um recipiente limpo, sem leite. Tomar a cada 6 horas."

2 - A forma como ele teve a idéia. Quer dizer, ele viu que o povo precisava ser curado do mal que aquele ar contaminado causava, pensou: "um medicamento para cura disso!" e lutou sua vida por isso. Eu, por exemplo, sempre sonhei em viajar para outro lugar em segundos, vou passar o resto da minha vida tentando uma forma de construir um teletransporte, porém não quero estudar física, números e programação. Afinal, numa máquina de teletransporte, tal conhecimento NÃO É NEM UM POUCO NECESSÁRIO.

Então John Uriah conversou com um químico amigo dele (que seria o real inventor, se esse medicamento realmente existisse) e o amigo dele disse que deveria tentar diferentes fórmulas e misturas, mas que precisaria de um cobaia para os testes. John perguntou o que poderia ser, então o doutor respondeu:

- Uma mula, um animal grande e forte para aguentar as doses.
- Deixe comigo.

O que houve então?

John saiu pra pegar sua mula, enquanto o doutor faria o medicamento. Ao voltar, o doutor terminou a fórmula e aplicou na mula, que sobreviveu durante mais um dia e então morreu.

mulas John ficou desolado sem sua mulinha, mas não desistia fácil. Não tinha mais mula, roubaria uma. Então saiu pra roubar sua mula, aquela que tivesse parada na estrada sem dono era dele. O que não foi difícil de achar. John roubou a mula e aplicou a dose nela. Dois dias depois a mula agonizava e fechava os olhos para encontrar a morte.

E assim foi. Quando a mula morria, John roubava outra, e outra, e outra. Por fim, após duas dezenas de tentativas, ele desistiu. Não havia, naquelas redondezas, mais mulas a roubar.

Mas John não era burro! Não... era um jegue, um asno, qualquer outra palavra que damos a pessoa que rouba mulas, as mata e NÃO ENTERRA O CADÁVER. Isso mesmo, ao matar as mulas, John (não sei como) as jogava no fundo de seu quintal uma em cima da outra, formando aquele bolo de cadáveres quadrúpedes. O cheiro não demoraria a chamar os vizinhos roubados que olhariam e viriam suas mulas mortas.

Após a descoberta, John nunca mais foi visto. Provavelmente ele fugiu de cavalo, já que não haviam mais mulas. A verdadeira invenção dele não foi um remédio em fase experimental, e sim uma espécie de GTA dos velhos tempos, na vida real.

- A expressão "martelo para desempenar vidro"

Essa é clássica para ser usado contra novatos em lojas. Ocorreu ano passado, quando eu ainda trabalhava em uma loja de produtos variados, de acabamentos, construção, material elétrico, enfim.

Entrei na loja sem o menor conhecimento técnico e não tinha noção do que era uma polegada (1") nem 3/4 de uma polegada. No meu primeiro dia, pra se ter uma idéia, fui visualizar um cano PVC tigre e notei que sua bitola (algo como a grossura do cano, medido em polegadas ou milímetros) era 3/4 (três quartos). Um atendente me pediu pra verificar qual a bitola que era do dito cano, e eu lá fui visualizar.

Liguei de volta:

- Alô? Cara, é 34mm.
- QUÊ?
- Ora, tá escrito aqui, 34mm!
- Trinta e quatro milímetros?
- É!
- Tá escrito milímetros?
- Não... só 34.
- Não é 3/4 não?

Aí eu olhei o cano e vi que sim, tinha uma barra entre o 3 e o quatro.

- Ah é. Perdão pela vergonha que eu passei.

Enfim. Dali pra frente fui adquirindo esperteza e experiência, como em um jogo de RPG, fui subindo meu level, embora meu salário era sempre o mesmo. Fui conhecendo e quando o cara vinha com uma pegadinha de mau-gosto, eu rapidamente já tinha o dom de saber esquivar.

Acontece que tais brincadeiras são como herança, e na loja tudo tinha que ser repassado. Inclusive, é claro, as brincadeiras. Aí entrou uma mocinha no balcão, loirinha, o tipo de gata que impressionava toda a loja. Pensei em pedir o telefone dela e marcar um encontro, mas aí não teria tanta graça. Isso eu pediria depois.

Mas não, resolvi pedir antes. O encontro, ela me deve até hoje, mas duvido que depois do que lhes contarei aqui ela sequer volte a me ver.

Aconteceu o seguinte:

Ela como novata, não conhecia porra nenhuma de nada da loja. Claro, ela estava adquirindo experiência, então muito normal isso acontecer.

Eu cheguei com cara de afobado, desesperado com tudo e todos, falando rápido pra ela.

- Ingret! Ingret, rápido, rápido, liga pra Meirielen e pergunta quando vai chegar martelo pra desempenar vidro, tem 3 clientes loucos pra comprar e estamos sem nenhum no estoque...

Ela começou a ficar desesperada, pois nunca havia lidado com uma situação daquelas.

- Liga aí, rápido.
- Tá, tá, tá, mas qual número?
- 23, 23, 23!

Aí ela ligou tremendo e a Meirielen, a mocinha do setor de compras atendeu:

- Meire? Meire, aqui é a Ingret, e to ligando pra saber de um produto que não tem mais no estoque da loja, é... martelo... pra desempenar vidro. - martelo-f-300Nesse meio tempo eu saí de perto dela pra rir, eu não aguentei. Por certo, Meirielen diria, com seus 2 anos de experiência naquela loja que não existe um martelo feito pra desempenar vidro.

Por certo nada. Meirielen começou a procurar no sistema TAMBÉM. E perguntou a Heloísa, a outra moça que trabalhava no setor de compras.

- Heloísa, quando chega martelo pra desempenar vidro?
- Não sei Meire, eu não chequei esse pedido ainda.

Eu, que estava na extensão ouvindo aquela treta, não aguentei, comecei a rir feito louco. Cara, uma novata não saber aquilo, tudo bem, mas uma menina com 2 anos de loja, mais outra com 3 TAMBÉM NÃO? O que elas ficavam fazendo lá em cima no setor de compra, jogando poker?

Eis que a Heloísa pergunta pro nosso patrão, o supremo proprietário.

- Patrão, tem 3 clientes procurando martelo pra desempenar vidro, o senhor sabe quem é o fornecedor?

Ele olhou pras duas lá dentro e perguntou:

- OH. Vocês já analisaram o que tão me perguntando?
- ...
- Meire, tem alguém fazendo hora com nossa cara.
- ... É...

Aí retornam a ligação pra Ingret:

- Ingret, tem alguém zoando com você. Foi cliente?
- Como assim?
- Ingret, analisa! Martelo pra desempenar vidro!
- Oh! É mesmo!

Me lembro muito bem da cena. Ela simplesmente me procurou com os olhos e eu estava atrás de uma estante. Ela me viu e veio correndo com cara de "eu te pego, filho da puta!"

Ainda deu tempo de eu perguntar

- Poxa, eu ia te pedir pra perguntar sobre o oxigênio em pó também!

Sacanagem. E eu tava doido pra sair com ela.

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